segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O feudalismo dos nossos políticos - 2005

Passados 31 anos de democra­cia no nosso (por enquanto) Portugal, milhares de pessoas do tempo da (dita) Revolução de 1974 acabam por reconhecer que muitos dos (di­tos) democratas têm tiques de dita­dores, pois impõem com pesadas medidas governativas, que afectam os sempre eternos sacrificados, de­baixo da "capa" da maioria, quando (senão menosprezassem as razões da abstenção), na realidade não é essa maioria representativa do povo por­tuguês de que tanto eles se pavonei­am.
Quando digo nosso (por en­quanto) é porque estou convicto de que um país que não seja produtivo acaba por perder a independência, e já há muitos cidadãos vítimas da in­competência dos políticos a expres­sarem o desejo de pertencerem a Espanha, dados os exemplos que se vêem neste país vizinho, em especi­al na grande diferença com a menor quantidade de cargos políticos, juízes, administradores públicos, as­sessores e outros que tais... (sendo a Espanha um país muito mais exten­so em território e população), e com menos despesas, e contrário às re­formas chorudas e escandalosas (com poucos anos de cargo) que por cá são proporcionadas à classe polí­tica; e o rigor na aplicação dos Fun­dos Comunitários, em prol do de­senvolvimento das empresas, com uma devida fiscalização, impedindo o desbaratamento desses fundos em benefícios particulares de vários empresários, como aconteceu por cá. Isto já é dito e escrito por mui­tos!
A crise que Portugal atravessa e que tem provocado baixo poder de compra em muitos milhares de ci­dadãos é também da responsabili­dade da classe política que criou um "monstro" devorador de muitos milhões de euros, que fazem falta a um justo aumento das reformas pequenas, e que foi prometido na campanha para as últimas Eleições Legislativas, dando origem à eleição da actual maioria.
Tenho muita dificuldade em acreditar em políticos que lá por te­rem maiorias ficam arrogantes, prepotentes e feudais. E porque as­sim são, não conseguem cumprir com o que prometem. No meu en­tendimento, um bom político é aque­le que promete e cumpre. E se de­pois de estar no poder não tiver a concordância da classe a que per­tence, a melhor atitude seria a de demitir-se. Acredito que, o político que assim for, será sempre bem aco­lhido por muitos milhares de cida­dãos, que foram sempre sacrifica­dos e por outros milhares que são na verdade solidários com estes! E assim se veria o fim do feudalismo político que grassa neste nosso (por enquanto) país. É utópico... pois é!

                                                             António Mendes Pinto

                                     (publicado no Jornal PRAÇA PÚBLICA em 2005)