Passados 31 anos de democracia no nosso (por enquanto) Portugal, milhares de pessoas do tempo da (dita) Revolução de 1974 acabam por reconhecer que muitos dos (ditos) democratas têm tiques de ditadores, pois impõem com pesadas medidas governativas, que afectam os sempre eternos sacrificados, debaixo da "capa" da maioria, quando (senão menosprezassem as razões da abstenção), na realidade não é essa maioria representativa do povo português de que tanto eles se pavoneiam.
Quando digo nosso (por enquanto) é porque estou convicto de que um país que não seja produtivo acaba por perder a independência, e já há muitos cidadãos vítimas da incompetência dos políticos a expressarem o desejo de pertencerem a Espanha, dados os exemplos que se vêem neste país vizinho, em especial na grande diferença com a menor quantidade de cargos políticos, juízes, administradores públicos, assessores e outros que tais... (sendo a Espanha um país muito mais extenso em território e população), e com menos despesas, e contrário às reformas chorudas e escandalosas (com poucos anos de cargo) que por cá são proporcionadas à classe política; e o rigor na aplicação dos Fundos Comunitários, em prol do desenvolvimento das empresas, com uma devida fiscalização, impedindo o desbaratamento desses fundos em benefícios particulares de vários empresários, como aconteceu por cá. Isto já é dito e escrito por muitos!
A crise que Portugal atravessa e que tem provocado baixo poder de compra em muitos milhares de cidadãos é também da responsabilidade da classe política que criou um "monstro" devorador de muitos milhões de euros, que fazem falta a um justo aumento das reformas pequenas, e que foi prometido na campanha para as últimas Eleições Legislativas, dando origem à eleição da actual maioria.
Tenho muita dificuldade em acreditar em políticos que lá por terem maiorias ficam arrogantes, prepotentes e feudais. E porque assim são, não conseguem cumprir com o que prometem. No meu entendimento, um bom político é aquele que promete e cumpre. E se depois de estar no poder não tiver a concordância da classe a que pertence, a melhor atitude seria a de demitir-se. Acredito que, o político que assim for, será sempre bem acolhido por muitos milhares de cidadãos, que foram sempre sacrificados e por outros milhares que são na verdade solidários com estes! E assim se veria o fim do feudalismo político que grassa neste nosso (por enquanto) país. É utópico... pois é!
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal PRAÇA PÚBLICA em 2005)