Esta dificuldade tem-se acentuado com a galopante política do materialismo capitalista que as maiorias parlamentares têm permitido e para o qual o Papa João Paulo II chamou a atenção após a queda do Muro de Berlim.
Houve uma época marcada pelo combate ao materialismo ateísta, combate no qual alguns sectores da Igreja Católica eram porta-bandeira.
Os países apontados como educadores desse materialismo ateísta, libertos dos regimes políticos a que estavam condicionados, são agora reconhecidos como daqueles que na Europa têm mais qualificações profissionais, e a permanência em Portugal de milhares de cidadãos desses países assim o tem provado.
Fica demonstrada a diferença entre esses sistemas económicos, agora depostos, e os sistemas do Ocidente, em especial de Portugal. No dito materialismo ateísta, à pessoa era dada oportunidade para estudar e ter uma profissão qualificada, tendo ou não poder económico para tal, e a pessoa não era valorizada pelo ter, como o é em Portugal.
O sistema socioeconómico materialista que impera no nosso país só dá oportunidade a quem tem poder económico. E a sociedade materialista e consumista contagia parte das camadas mais jovens, influenciadas para atitudes que fragilizam a boa convivência familiar. Como exemplo (que é um mau exemplo): os jovens mais revoltados, porque os seus progenitores não têm poder económico para colmatarem as suas carências ou os seus caprichos.
Isto é o reflexo do materialismo capitalista, que valoriza a pessoa pelo ter, e não pelo ser.
Não é fácil estar de pé quando à nossa volta o materialismo alastra e os valores da família são por consequência, espezinhados. Assim sendo, entre o materialismo ateísta e o materialismo capitalista, venha o diabo... e escolha!
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal João Semana em 2005