O obscurantismo é a doutrina dos que não desejam que a instrução penetre na massa do povo; doutrina contrária ao progresso intelectual e material.
Os políticos querem dar a impressão do contrário, mas a realidade e a situação actual de um significativo aumento de famílias sem meios financeiros para fazerem face às elevadas despesas que a Escola e a Universidade exigem, conduzirão as novas gerações ao obscurantismo.
Parte das gerações actuais, atraídas por imensas distracções e crenças (religiosas, astrológicas e videntes), já estão a mergulhar nesse obscurantismo.
Mas há mais causas que podem conduzir ao obscurantismo, como sejam: as sucessivas contradições de políticos com responsabilidades governativas...
Nos dias 9 a 12 de Março decorreu em Braga a Semana Social da Responsabilidade da Conferência Episcopal Portuguesa, na qual estiveram presentes altas figuras de Igreja e da Política, uns como oradores outros como moderadores. Entre várias personalidades sobejamente conhecidas, estiveram Vítor Constâncio e António Guterres. O título do tema foi: "Uma Sociedade Criadora de Emprego". Ainda não consegui leitura suficiente para saber o que lá foi dito, mas reflectindo no título e pensando nas duas personalidades que citei, não acredito que se tivessem tomado iniciativas capazes de levar à criação de novas oportunidades.
É que, por experiência própria, como ex-micro empresário e como cidadão que sempre gostou de trabalhar e de criar, mal tratado e injustiçado pela "Sociedade Criadora de Desemprego", com um sistema económico materialista contrário aos ideais da Igreja de Jesus Cristo, ao aperceber-me que políticos insensíveis ao sofrimento dos que são sacrificados com as suas governações, parecem continuar a pretender ligar-se a iniciativas da Igreja Católica, fico apreensivo com este vislumbrar de um novo obscurantismo. Apesar de tudo, desejo muito que me engane!
É que a prática dos políticos que têm governado o nosso País, é a de subsídios e benesses ao grande capital, dando assim margem de manobra à prática do materialismo capitalista, no qual a pessoa humana é valorizada mais pelo ter e menos pelo ser, prática esta que foi muito censurada pelo Santo Padre João Paulo II.
As causas e a manutenção desta política economicista, que só vê os números e não as pessoas (embora a publicidade bancária diga o contrário), poderão fazer levar o nosso País para um novo obscurantismo.
António Mendes Pinto
(publicado nos Jornais, Praça Pública e João Semana em 2006)