País (rico) sem produtividade
Quem é que tem condições para aumentar o nível de produtividade tão apregoado como necessário para o nosso país? Até mesmo manter o actual nível, na conjuntura existente, se torna muito difícil, pois há um défice que parece não ser contabilizado.
Após o Europeu 2004 foi tornado público que houve uma derrapagem de 236,7 milhões de euros nos custos com a construção de seis estádios, sendo quatro destes estádios levantados desnecessariamente. E a todos os outros gastos suplementares, públicos e privados, será um montante diminuto no conjunto das insuficiências do país, mas é um esbanjamento. Até parece um povo rico... com a mania de se lamentar! Só que os economistas falam sempre mais da situação precária que é a deste país. Tudo isso movimentou dinheiro, sem dúvida. Mas será desse dinheiro fugaz que o país precisa? Que é que fica de produtivo para o futuro? Houve uns postos de trabalho transitórios e temporários, o movimento hoteleiro e o consumo directo, alguma publicidade turística, e que mais? Ou seja: há uns que lucram, no imediato, e todos vamos ter que pagar as dívidas contraídas. A lei do funil! Será esta a política estruturante de que estamos carecidos? Era isto que os responsáveis deviam explicar ao povo português. É preciso sonhar, mas construtivamente.
António Mendes Pinto
Com algumas adaptações da Revista Mensageiro de S. António
(publicado no Jornal Praça Pública em 2007)