Festejar com dignidade o 25 de Abril de 1974 - 2009

Convidado a participar no 1 Encontro de Actuais e Ex­-Autarcas do Concelho de Ovar, no dia 25 de Abri/, estive presente na Sessão Solene, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Ovar. Na expectativa de haver uma livre participação, para além dos representantes dos Partidos, na véspera escrevi um texto dedicado ao 25 de Abril de 1974. Para não alterar o protocolo da Sessão Solene, nem me atrevi a manifestar-me. O texto que fiz é este:

Na madrugada do dia 26 de Abril de 1974, nos Estúdios da RTP, a Junta de Salvação Nacional dirigiu-se aos Portugueses, lendo um Documento, que foi intitulado pelos meios de Comunicação Social, "Proclamação do Movimento das Forças Armadas", que no Artigo 6, diz isto:

O Governo Provisório lançará os fundamentos de:

a) Uma nova política económica, posta ao serviço do povo Português, em particular das camadas da população até agora mais desfavorecidas, tendo como preocupação imediata a luta contra a inflação e a alta excessiva do custo de vida, o que necessariamente implicará uma estratégia anti monopolista;

b) Uma nova política social que em todos os domínios terá como objectivo a defesa dos interesses das classes trabalhadoras e o aumento progressivo, mas acelerado, da qualidade de vida de todos os Portugueses.

Passados estes 35 anos, e pela via "democrática", os políticos, em especial os do Poder Central, têm desvirtuado o espírito e os princípios proclamados pelos homens que fizeram o 25 de Abril de 1974, e o resultado da política contrária a esses princípios, está à vista de todos nós.

Resta ao Poder Local, que está mais próximo do cidadão, fomentar a esperança na aplicação dos fundamentos proclamados pelo Movimento das Forças Armadas.

Não basta a defesa das liberdades democráticas, é necessário utilizar essas liberdades em defesa dos valores proclamados pelas pessoas que proporcionaram essas mesmas liberdades.

Só assim se pode festejar com dignidade o 25 de Abril de 1974.

                                                        António Mendes Pinto

                                   (publicado no Jornal Praça Pública em 2009)

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