Foi há 25 anos que comecei a colaborar na Imprensa Escrita Local e Regional, iniciando-me em 1984 no Jornal João Semana, com artigos de crónicas religiosas e culturais, mas também com artigos de crítica política. Ao fim destes anos chego à decepcionante conclusão de que sai caro a quem faz crítica política escrita e publicada, pois acaba-se por se ser afectado com a discriminação sócio-económica.
É um péssimo exemplo de falta de prática democrática dos políticos que se arvoram defensores da liberdade de imprensa e da igualdade de direitos. Enfim, é a classe política que temos! ... Quem reler os escritos de crítica política que escrevi e foram publicados durante este período de um 1/4 de século, (embora se possa pensar que alguns sejam motivados por uma experiência pessoal), verificará que se a prática política para com as pequenas empresas fosse justa, e mais na lógica de avaliar as pessoas pelo ser e não tanto pelo ter, talvez a crise que nos assola, provocada também pelo lucro fácil, não tivesse as repercussões que está a ter.
A propósito do lucro fácil, lembro o Papa João Paulo 11 numa das muitas reflexões, (que me parece poucos terem dado a devida importância), disse que; "o único critério do lucro não basta, sobretudo quando dele se faz um critério absoluto: «ganhar,) mais, para «possuir» mais, e não apenas objectos tangíveis, mas participações financeiras que permitem novas formas de propriedade sempre maiores e sempre mais dominadoras. Não que a perspectiva do lucro seja, por si própria, injusta. Uma empresa não poderá dispensá-la. Aliás a sua busca razoável corresponde ao direito à «iniciativa económica».
O que quero dizer é apenas que, para ser «justo», o lucro deve ser submetido a critérios morais."
Esta é uma das muitas reflexões de quem tinha a sabedoria de Deus, e que, como Profeta do nosso tempo, tentou transmitir aos responsáveis dás economias, dos países.
Alguns dos meus escritos de "crítica política lançada ao vento", tiveram como intenção contribuir à reflexão e análise de alguns factores, como seja o «capitalismo selvagem», de que, à luz das reflexões de João Paulo II, lembro em alguns desses escritos, e que no tempo presente, se conclui ser um dos factores que deu origem a esta crise.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal Praça Pública em 2009)