segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DA ALMA PARA O PAPEL - PESSOAS JUSTAS, PRECISAM-SE! - 2003

Perante as crises existentes na sociedade portuguesa que estão a afectar a sã convivência entre a população, instituições políticas, religiosas e associações, etc., desperto a pensar nisto: Será que muita coisa do que se está a passar não terá a ver com a falta de pessoas justas nas instituições?
É muito complexa esta questão. É que, para se ser justo não se pode ser omisso perante situações de injustiça e de discriminação, quer seja na política, como nas instituições religiosas e no associativismo. E o que se tem constatado ao longo dos tempos, é que por omissão de pessoas consideradas justas, nota-se uma derrapagem na defesa dos valores humanos a que toda a pessoa tem direito. Porque prevalece o materialismo do capitalismo selvagem, humilha-se e discrimina-se os outros, contribuindo-se assim para a crise e a degradação da sociedade.
Por vezes, vemos e ouvimos comentadores na televisão, que, apesar de serem bem pagos, pouco ajudam a compreender a situação e o estado da Nação.
O que faz falta, são pessoas justas. É certo que há pessoas justas que não querem participar activamente nas instituições porque também se sabe que o justo corre o risco de sofrer, porque o mal por vezes se sobrepõe ao bem.
Mas a esperança numa melhor justiça social está na entrada de dirigentes que sejam justos. Porque o justo não fica só pelas palavras. O justo parte para a acção. O justo não omite. O justo intervém quando é necessário intervir. O justo deixa de o ser, quando permite com a sua passividade deixar "correr" o que é injusto e discriminatório.
É difícil ser-se justo, mas só com os justos é que se poderá reduzir a velocidade que conduzirá ao "despiste" da nossa sociedade.
Os estimados leitores poderão dizer que isto é utopia. Mas se não acreditarmos na justiça que vem dos justos, então a situação fica imparável!

                                                                 António Mendes Pinto

                                       (publicado no Jornal TRIBUNA PRESS em 2003)