segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A DEMOCRACIA PORTUGUESA PERDE QUALIDADE - 2003

Num balanço político que um comum cidadão pode fazer do exercício e acção dos políticos portugueses, em especial dos da maioria PSD e PS, o resultado é negativo, porque tem originado à abstenção nos actos eleitorais e daí à perda de qualidade da democracia. Os políticos não se preocupam com esse facto, porque, sabendo eles que mesmo sendo uma minoria da população que os elege, eles próprios se auto-proclamam representantes do povo e fazem o que for de melhor para a sua classe política, sem pudor e sem respeito pelos outros.
Ao fazer referência às maiorias PSD e PS não quer dizer que pessoalmente esteja conotado com qualquer força partidária da oposição minoritária. A minha posição política personifica-se com a de imensos cidadãos anónimos prejudicados pelos excessos de uma esquerda determinada a fragilizar o tradicional tecido da pequena indústria, que existia por altura do 25 de Abril de 1974, e não menos prejudicada pela política discriminatória da direita personalizada pelo PSD/PP e também pelo PS, centralizada na actuação do Banco de Portugal.
Mas voltando à perda da qualidade da democracia portuguesa, nas sondagens que têm vindo a público, a abstenção está sempre a aumentar e para as próximas eleições prevê-se que ultrapasse os 50%. Claro que os protagonistas políticos não se preocupam com esta realidade, porque mesmo assim conseguem os seus objectivos, que são o de alcançarem o poder e assim conseguirem praticar as suas políticas de privilégios e favorecimentos para uns e discriminações para outros.
A falta de participação da população nos actos eleitorais só favorece os políticos. Vendo que as pessoas não reagem, ficam mais acomodados nos seus cargos e podem à vontade governar com medidas contrárias àquelas que proclamam na "caça" ao voto.
O ano 2003 foi mais um ano em que o balanço político continua a ter um défice democrático. Esta é a opinião de um cidadão que tem cumprido com o seu dever de eleitor ao longo destas três décadas, mas, porque se sente discriminado, sente-se tentado a passar para o lado da maioria, ou seja, para o lado dos abstencionistas ou passará a votar em branco.
Não se admire Sua Ex.ª Sr. Presidente da República, com o lamentável facto do povo português estar a perder auto-estima. Com a maioria dos políticos a darem origem a uma perda de qualidade na democracia portuguesa, não é para menos!

                                                                    António Mendes Pinto

                                         (publicado no Jornal PRAÇA PÚBLICA em 2004)