Como pessoas livres que somos, podemos expressar e partilhar a nossa opinião sobre o Natal de Jesus no nosso tempo.
A minha opinião é influenciada por uma variada literatura de fontes inspiradas pelo Espírito Santo e inseridas em publicações católicas missionárias, e também pelas alterações políticas que vão acontecendo no nosso país, que parecem conduzir a um maior sacrifício a quem já sacrificado estava.
Na sua verdadeira essência, o Natal existe para libertar e salvar o homem pela revelação de um Deus humilde, meigo, pobre e misericordioso. O Evangelho, a Boa Nova que o Natal anuncia é que, para estarmos mais próximos de Deus, não devemos ser ricos, fortes, solitários, majestosos. Basta-nos amar um pouco mais, servir um pouco mais, aproximarmo-nos dos pobres, lutar para que haja mais justiça.
Na palha da manjedoura, como no madeiro da cruz, Jesus é a revelação do que há de mais profundo, de mais verdadeiro em Deus: "Quem Me vê, vê o Pai". Toda a sua condição humana manifesta uma realidade divina.
Na pessoa de Jesus, Deus é pobre, pobre de tudo o que cobiçamos, procuramos, ambicionamos.
Porque assistimos a tantas injustiças sociais e tantos flagelos, não digamos que Deus se esconde ou que está ausente do mundo. Deus está presente e visível, ou tão pouco presente e visível como estão os pobres da nossa sociedade injusta e materialista.
Pensemos que, quando nos ajoelhamos diante da infinita Majestade do nosso Deus, encontramo-nos de joelhos diante da imensidão da miséria humana.
Se ambicionamos encontrar o verdadeiro Deus, este Deus de quem, pelo Natal, festejamos o nascimento como pessoa que vem a nós, devemos ir ao encontro dos pobres e contribuir para que lhes sejam criadas condições de vida compatíveis com os elementares direitos da pessoa humana consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, que está a ser desrespeitada pela maioria dos políticos portugueses.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal JOÃO SEMANA de Dezembro de 2003)