
Compreendo perfeitamente a preocupação do autor do editorial porque vê no tema um sinal de que alguma coisa vai mal.
O tema é tão sério que me atrevo a fazer esta afirmação: se os políticos portugueses que têm tido responsabilidades governativas tivessem dignidade, não divulgariam o tema. É que na prática, ao longo destes anos em que Portugal faz parte da Comunidade Europeia a prática é dar oportunidades a quem menos precisa, proporcionando aumentos de riqueza a uns, e recusar a quem mais precisa, não dando oportunidades a que cada cidadão possa mostrar as suas capacidades criativas e produtivas.
Um país onde o factor oportunidades se centraliza muito na aplicação de avultadas verbas para empresas fictícias e favores políticos, é um país sem identidade para divulgar a igualdade de oportunidades.
Num colóquio que fez parte das Comemorações dos 50 anos da União Europeia, alguém disse que Portugal poderia estar comparado com a Finlândia se tivesse sabido utilizar os subsídios que recebeu, utilizando o termo corrupção com causa da situação actual.
Na minha opinião, e pela minha experiência profissional e empresarial, (tratado de forma desigual, desde o 25 de Abril de 1974), atrevo-me a fazer outra afirmação: se os já citados políticos portugueses tivessem agido com dignidade e competência após a entrada na Comunidade Europeia, pondo em prática o lema da igualdade de oportunidades, creio que Portugal hoje não sofreria dos males de que padece.
É certo que o editorial que me incentivou a escrever estas linhas, abrange com coragem e justiça várias áreas sociais, mas eu fico-me apenas na área dos incentivos às micro empresas produtivas, as quais, ao longo destas três décadas, têm sido tratadas com desigualdade de oportunidades.
Embora incrédulo, fico à espera para ver se esta Campanha Europeia, em Portugal, e aqui em Ovar, não passa de mais uma mera campanha de marketing e publicidade, a que os políticos já nos habituaram. Bem, ao menos sempre fica uma indústria a lucrar com estas iniciativas. A indústria gráfica, da publicidade e todos os seus componentes materiais e humanos. Mas se tudo não passasse de utopia e fosse levado à prática, muitos cidadãos da Europa e de Portugal, que têm vontade de trabalhar, sairiam beneficiados.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal de Ovar em 2007)