segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO NA ESCOLA De quem é a responsabilidade? - 2005

No dia 26 de Junho fui ouvir, na Feira do Livro, uma parte do debate proporcionado pelo lança­mento de dois livros da autoria de dois escritores de Ovar. Nesse debate foi colocada a pesada e problemática questão da relação entre a escola, o aluno, a família e a sociedade, no complexo e degrada­do mundo em que vivemos.
O que me chamou a atenção foi uma explicação dada por um dos oradores e autor de um dos livros, em que ele pareceu culpabi­lizar os pais pela postura dos filhos na escola.
Para que se fizesse justiça, a professora Esmeralda Souto interveio em defesa dos pais que, muitos deles, porque têm necessi­dade de estarem os dois a trabalhar fora de casa contribuindo assim para o bem-estar e futuro dos seus filhos, não podem dar-lhes o desejado acompanhamento.
Para responder um pouco à intervenção de Esmeralda Souto, que na minha opinião, foi muito justa, sensata e oportuna, o escritor citou um exemplo de má educação, por parte dos pais, como seja, a satisfação dos caprichos e vontades dos filhos, lembrando, como mau exemplo, a compra de telemóveis dos últimos modelos de topo de gama. Mas será assim que se poderá analisar e encon­trar soluções para a problemática da escola e da família? Serão assim tantos os pais que podem satisfazer esses caprichos e vontades?
Na minha opinião não importa tanto procurar responsabilizar a escola ou a família, mas sim respon­sabilizar também os alunos, entre os quais muitos, precocemente, se auto proclama autónomos e indepen­dentes, ou seja, já não aceitam a educação dos pais e têm uma postura idêntica na escola. Em muitos casos, encontram alguns professores que cultivam o culto da autonomia e da indepen­dência precoce.
Será que não é possível debater esta problemática sem se "malhar" nos pais, como bodes expiatórios, como aconteceu na Feira do Livro de Ovar?!

António Mendes Pinto
(Publicado no Jornal Praça Pública em 2005)