No seio da Igreja Católica, entre vários Movimentos de Leigos existe um que se apresenta como Comissão Nacional de Justiça e Paz. Não é muito conhecido, talvez por não ter uma expansão e ramificação através de núcleos e grupos nas Dioceses e nas Paróquias, como têm os outros Movimentos.
Quando na televisão aparece alguém ligado à Comissão Nacional de Justiça e Paz em programas que abordem temas ligados à Doutrina Social da Igreja e do âmbito da política social e da violação dos Direitos Humanos, quase sempre é feito eco do que vai mal neste nosso país.
Os Movimentos existentes têm sido importantes para o reforço e consciencialização das comunidades cristãs. Pela oração, acção, reflexão, formação, caridade e militância, pessoas inseridas, sensibilizadas e dinamizadas pelos seus directores espirituais e carismáticos, põem em prática louváveis acções em prol dos outros.
Apesar de tudo que de bom acontece através dos movimentos existentes, faz falta uma ramificação de núcleos e grupos imbuídos do espírito que orienta a citada Comissão, para que, através de encontros de formação, reflexão e acção, surjam mais pessoas de boa vontade que se disponham a ser profetas do nosso tempo, corajosas denunciadoras das injustiças sociais que alastram no nosso país.
Reconheço que não é fácil seguir pela via da denúncia da injustiça, pois que é um caminho que exige coragem, e, na nossa sociedade egoísta e individualista criada nestas últimas três décadas, ser denunciador equivale a ser mártir, como foram muitos dos profetas de tempos remotos, e do nosso tempo.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal Praça Pública em 2008)