A nossa sociedade portuguesa do pós-25 de Abril de 1974 tem vindo a resvalar assustadoramente para um tipo de materialismo capitalista, provocador de uma acentuada miopia nos políticos que têm (des)governado o país, causando uma postura cívica negativa, com reflexos de egoísmo e de individualismo:
Segundo J. Oliveira Branco, um dos assíduos colaboradores da revista mensal "Mensageiro de Santo António", uma sociedade que se reduza a acumulação de egoísmos não tem hipótese.
Afirma ele:
"Os defensores do estado (neo)liberal não se mostram preocupados com as pessoas. Nem com os valores do espírito. Olham aos números. E aí está o problema. O país não progride sem organização; mas não se reduz a uma termiteira (ninho da formiga branca). A sociedade ou é de pessoas - e para as pessoas todas! - ou não passa de um conjunto marcadamente anti-humano.
Escamotear as alternativas deste dilema, seja a que pretexto for, é falhar qualquer perspectivação humanista. E, portanto, errar a meta.
É isto que precisamos de perceber todos. Será esta, sem dúvida, a critica mais grave que se tem de jazer à orientação da União Europeia.
E, mais em concreto, à do nosso país como um todo moral e cultural. Em termos de humanismo, dá-se a ideia de que se anda à deriva, que se deixa ir o barco ao sabor das ondas e correntes, sem noção clara do rumo de navegação que nos interessa. Esta miopia geral é muito séria."
Ainda vai havendo homens e mulheres com esta coragem que J. Oliveira Branco tem mostrado nas suas crónicas apostólicas e proféticas. Assim como também alguns meios de comunicação social de inspiração cristã, nos quais está incluído o "João Semana".
Bem hajam!
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal JOÃO SEMANA em Março de 2004)