Passadas as Comemorações do 25 de Abril fiquei com a boa impressão de que este ano houve uma maior participação nos festejos que foram promovidos em Ovar. Estive num jantar de 24 para 25 de Abril, promovido pelo PS, e ouvi com agrado um discurso do Dr. Manuel Oliveira, no qual ele mostrou o propósito de levar à reflexão os militantes e simpatizantes do seu partido sobre o 25 de Abril, mas denunciando com realismo e coragem o que vai mal na política social do nosso país, ao contrário de alguns camaradas seus que tentam pintar o país de cor rosa.
Na manhã do dia 25 assisti à Sessão Solene da Câmara Municipal de Ovar, na qual o Dr. Manuel Oliveira, como presidente da Câmara, no seu discurso, voltou à reflexão e alertou para a realidade social deste nosso Portugal livre. Apreciei e admirei a postura denunciadora e inconformista deste responsável elemento do PS e autarca de Ovar. Ainda da parte da manhã estive no Jardim do Cáster a apreciar a concorrida participação das crianças, numa acção promovida pela CGTR e à noite vi um bonito espectáculo protagonizado pelas duas Bandas Filarmónicas de Ovar, as quais proporcionaram um belo concerto musical patrocinado pela Junta de Freguesia de Ovar.
Enquanto assistia a estes festejos, de vez em quando vinha-me ao pensamento a situação actual do país, que é tão avessa ao espírito do 25 de Abril/74 e então fui reler um parágrafo da Proclamação do Movimento das Forças Armadas, que diz, no nº 6 do Capítulo B:
a) Uma nova política económica, posta ao serviço do Povo Português, em particular das camadas da população até agora mais desfavorecidas, tendo como preocupação imediata a luta contra a inflação e a alta excessiva do custo de vida, o que necessariamente implicará uma estratégia anti-monopolista;
b) Uma nova política social que em todos os domínios terá essencialmente como objectivo a defesa dos interesses das classes.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal Praça Pública em 30-4-2008)