Entre os milhares de emigrantes que por razões diversas resolveram deixar o nosso país à procura duma vida melhor ou para evitar participar na Guerra do Ultramar, há os que, por revolta ou desencanto com a Pátria, resolveram naturalizar-se no país que os recebeu e lhes deu oportunidades que jamais teriam no país natal. É uma decisão compreensível!
Mas estes são poucos, e porque na civilização actual o que conta são os números, e porque são poucos, pouca importância lhes é dada. Mas também há os muitos, senão mesmo a maioria, que são aqueles que se decidiram a não emigrar, por uma questão de patriotismo, ou por não se sentirem vocacionados para tal aventura, ou por teimosia em tentar viver no país onde nasceram, "um país de poucas oportunidades para os seus cidadãos". A estes também pouca importância lhes é dada.
São estes os resistentes. Resistiram ao regime político derrubado em Abril de 74 e resistem às ditaduras das maiorias que em democracia, tudo prometem e pouco cumprem. Maiorias que, valendo-se e usando as liberdades políticas, fazem nascer e crescer novas burguesias.
Nos tempos actuais existem duas gerações de resistentes. A do passado do antes e depois de Abril/ 74, e a da "nova geração", que são os milhares de jovens sem perspectivas, sem oportunidades para construírem o seu futuro, neste país em que a maioria do povo não tem poder de compra para contribuir para o desejável movimento comercial, sendo os emigrantes, com o poder económico que possuem, a atenuar um pouco a crise e a insegura situação dos comerciantes.
Para terminar dirijo aos jovens uma palavra amiga: Vós que sois a nova geração, resistam! Mantenham o espírito de resistentes do nosso tempo e não percam a esperança.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal PRAÇA PÚBLICA em 2004)