terça-feira, 1 de março de 2011

Insensibilidade e miopia dos políticos - 2008

Na sociedade portuguesa estamos a viver um tempo de mudança negativa e nefasta, devido à crise económica provocada pelo desemprego e pelo inconstlnte aumento dos combustíveis e dos bens essenciais ao ser humano, reflexos da globalização, da invasão do Iraque e também do negócio especulativo da Bolsa de Valores, que envolve as empresas dos bens essenciais. Esta crise tem sido um dos factores responsáveis pelo aumento de famílias endividadas.
A confirmar este raciocínio, os Jornais, Rádios e Canais Televisivos têm-se empenhado, e bem, em falar com as pessoas menos inibidas, concluindo-se quase sempre que as pessoas se deixaram levar pela oferta/propaganda dos Bancos e do grande comércio, não medindo as suas capacidades de pagamento em conformidade com os respectivos rendimentos, agravando-se a sua situação no caso de inesperado desemprego.
Mas nesta questão, há também os endividados que, crédulos nos políticos, e para manterem a sua pequena empresa em laboração, recorreram ao crédito, e com quem, de repente,por imposição do Banco de Portugal, em determinada época de recessão, os Bancos deixaram de colaborar, originando grandes quebras de produção e, em muitos casos, a paragem de laboração, com situações de incumprimento. (Em alguns casos, dado o silêncio das Instituições Bancárias durante alguns anos, pareceu que esses créditos teriam ficado arquivados. Mas não acontece assim. Pelo contrário "como pequenas bolas de neve descendo do cimo da montanha vão engrossando e, quando chegam ás às pessoas, esmagam quem delas não consegue fugir".
Se nos Governos da Nação houvesse políticos sensíveis e com boa visão, deveria, nestes casos, haver uma justa verificação, analisando o estilo de "ida das pessoas e os seus "teres e haveres", para assim concluírem se houve ou não seriedade. Mas não. Entregam-se os processos a "novas" empresas de recuperação de créditos, empresas estas que vivem dos problemas e aflições das pessoas e que, com métodos de terror e ameaças jurídicas, tentam recuperar o que para muitos se toma impossível.
Claro que se poderá dizer: - mas que poderão fazer os políticos nestas questões? Se forem sensíveis, podem! Poderiam incluir estas pessoas nos programas de novas oportunidades e nos "micro-créditos", dando-lhes a possibilidade de voltarem a laborar, com hipóteses de resolverem os problemas ocasionados pelas situações citadas. Isto para não lembrar outros métodos possíveis mas, infelizmente, só acessíveis a uma determinada classe social e política ...
Se estas pessoas sofridas se libertassem da inibição e se unissem protestando contra a discriminação que os conduziu a situações insustentáveis, talvez os políticos despertassem para a justiça e a equidade! É que em certas áreas sociais e profissionais está provado que a união faz a força. E os portugueses da classe "abaixo da média" estão fartos de bonitos discursos políticos, de ditas novas oportunidades, quando a prática do sistema socioeconómico continua a ser a de discriminar e massacrar os que não têm recursos financeiros e a dar facilidades aos "mesmos", ajudando-os a aumentar as suas fortunas, mesmo em tempos de crise.

                                                          António Mendes Pinto

                                       (publicado no Jornal João Semana e 2008)