Há 25 anos que escrevo artigos de crítica política nos jornais locais e regionais. Desde o João Semana, Terras d'Ovar, Jornal da Província, O Diário, Notícias de Ovar, Jornal de Ovar ao Praça Pública, sempre senti uma total abertura e sem condicionalismos à minha liberdade de expressão. Por essa razão, apenas como colaborador, faço um esforço em avaliar o que sentem os jornalistas que se sintam impedidos de fazer o seu trabalho em total liberdade.
O que sei por experiência pessoal, é que o usar-se a liberdade de expressão tem custos e riscos, pois como cidadão, (embora nada se possa provar), sinto que, talvez por represália, fui marginalizado e discriminado pelo sistema económico, na minha vida profissional, como pequeno empresário.
O que se passa com o Jornal de Sextafeira da TVI ainda não está esclarecido, mas uma coisa parece certa: Se o acontecimento não fosse neste período pré eleitoral, talvez não tivesse o mesmo impacto político e interesse público.
Estou a lembrar-me de um caso que se passou no tempo do Governo do Eng.o António Guterres com o jornalista Joaquim Letria numa Rádio Estatal, na qual a crítica que ele fez ao Governo angolano por causa do atraso das verbas para as bolsas de estudo de jovens angolanos, na altura a estudarem em Lisboa, custou-lhe a Rescisão do Contrato com a Rádio, onde tinha um Programa de segunda a sexta-feira de linha aberta com duas horas em contacto com os ouvintes. Se esse acontecimento fosse em época eleitoral também teria sido aproveitado pelos 0posltores, como acontece com o recente caso da TVI.
Como crítico, lamento que, segundo parece, por trás destes casos estejam subjacentes interesses de grupos económicos, aos quais, grande parte dos nossos políticos parece estar submissos.
António Mendes Pinto
(publicado no Jornal Praça Pública em 2009)